O Programa Bolsa Família chega aos
seus 10 anos com uma série de bons resultados a comemorar. Entre eles,
um resgate histórico: a redução da pobreza entre a população negra.
Hoje, das 13,8 milhões de famílias atendidas pelo programa, 73% se
autodeclaram pretas ou pardas. São mais de 10 milhões de famílias que,
por meio da transferência de renda, saíram da extrema pobreza e estão
construindo um futuro melhor para seus filhos, com mais acesso à saúde e
à educação.
“Nós temos vários indicadores que mostram de forma
contundente que enfrentar a exclusão social é um dos passos para
combater também a exclusão racial, mas não é o único”, enfatizou a
presidenta da República, Dilma Rousseff, durante a 3ª Conferência
Nacional de Promoção da Igualdade Racial, em novembro de 2013. A
presidente relembrou que, no Brasil, a pobreza sempre foi
predominantemente negra e atingia, sobretudo, mulheres e crianças. Mas
Eessa realidade está mudando, não apenas com a transferência de renda,
mas com a oferta de qualificação profissional e o incentivo ao
empreendedorismo.
Atualmente, pretos e pardos representam 65% dos
alunos matriculados nos cursos do Programa Nacional de Acesso ao Ensino
Técnico e Emprego (Pronatec) voltados ao público do Plano Brasil Sem
Miséria. “O jovem negro nem sempre tem acesso direto à universidade
direto, mas ele, tendo uma formação profissional, já consegue se
estabelecer dentro da sociedade. E a sociedade passa a ter um novo olhar
para este jovem”, explica a representante da União de Negros pela
Igualdade (Unegro) no Conselho Nacional de Assistência Social, Nilsia
Santos.
Em dez anos, o percentual de negros entre 18 e 24 anos no
ensino superior mais que triplicou no Brasil. Hoje, eles são mais da
metade dos bolsistas do Programa Universidade para Todos (ProUni). De
acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (PNAD/IBGE), a quantidade de
bolsistas negros cresceu de 10,2%, em 2001, para 37,4% em 2012. São 630
mil pretos e pardos cursando o nível superior.
Um desses bolsistas
foi a advogada Jeniffer Silva que, com a ajuda do benefício que a mãe
recebia do Bolsa Família, deu continuidade aos estudos. Ela obteve uma
excelente nota no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e conquistou a
bolsa do ProUni. “Quando eu consegui a bolsa, foi a realização de um
sonho. Eu me sinto orgulhosa de olhar na minha carteira de trabalho e de
ver lá: faxineira e assessora jurídica”, afirma.
Os negros também
representam 60% dos Microempreendedores Individuais (MEI) inscritos no
Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal. Entre setembro
de 2011 e maio de 2013, 78% das operações de Microcrédito Produtivo
Orientado do Programa Crescer foram feitas por empreendedores negros.
“Pretendo ampliar a minha cozinha, porque eu trabalho com cocadas.
Colocar cerâmica na parede, revestimento, e investir para que eu possa
trabalhar e progredir”, explica a microempreendedora de Fortaleza (CE)
Antônia Aurenice Alves da Silva.
Renda
Das
19 milhões de pessoas que saíram da extrema pobreza com a ação Brasil
Carinhoso, entre 2012 e 2013, 77% são negras. A ação integrante do Plano
Brasil Sem Miséria foi lançada em 2012 pelo Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e complementou a renda dos
beneficiários do Bolsa Família, garantindo que todas as famílias
atendidas pelo programa tenham renda acima de R$ 70 mensais por pessoa.
“Melhorou tudo, p. Porque hoje a gente pode comprar um sapato, um
eletrodoméstico para dentro de casa. Então foi ondeA ajudou muito e vai
ajudar mais ainda”, afirma a agricultura familiar Daniela Fagundes, do
município de Bebedouro (SP).
Na área rural, 79% das famílias que
receberam cisternas do programa Água para Todos são negras. E 78% dos
beneficiários da Assistência Técnica e Extensão Rural, doação de
sementes e fomento do Plano Brasil Sem Miséria também se autodeclaram
pretos ou pardos. “Eu peguei um financiamento, comprei uma
irrigaçãozinha, e aí eu já comecei com a hortinha. Plantei feijão,
milho, já tinha o tratorzinho. Foi cada vez mais evoluindo para uma
situação melhor”, conta o agricultor familiar de Bebedouro (SP), Jaime
Fagundes dos Santos.
Na Amazônia Legal, os negros são 92% dos
beneficiários do Programa Bolsa Verde, do Ministério do Meio Ambiente. O
programa paga R$ 300 a cada trimestre, durante dois anos, para famílias
que desenvolvem atividades de uso sustentável dos recursos naturais em
Reservas Extrativistas, Florestas Nacionais, Reservas de Desenvolvimento
Sustentável federais e Assentamentos Ambientalmente Diferenciados da
Reforma Agrária, além de territórios ocupados por ribeirinhos,
extrativistas, populações indígenas, quilombolas e outras comunidades
tradicionais.
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