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terça-feira, 1 de outubro de 2013

Bolsa Família transforma vidas no campo e cria os “pais heróis”

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Família de José Lima da Silva e Alverina Silva do Carmo. O casal realiza coleta e beneficiamento de castanha e vende sua produção para a Cooperacre.
O ressentimento ficou no passado. O homem do campo construiu uma vida de orgulho, mas que só agora pode colher os frutos que sempre plantou, garantindo um novo sentimento de dignidade.
“Cana eu não quero mais nunca, eu gosto de coisa que come. E minha vontade é de só ir crescendo”, conta Jaime Fagundes, de 68 anos, que deixou de lado o uso das foices nos canaviais, em Bebedouro, interior de São Paulo, para se dedicar a uma produção própria e, com isso, à construção de uma vida mais digna para ele, filhos e netos.
A mudança na vida de Jaime e de mais 263,5 mil agricultores familiares, espalhados pelo país, só se tornou realidade, com o apoio de uma rede de cobertura que começou com o benefício do Bolsa Família. 
Mas as conquistas sociais se seguiram com as políticas públicas de inclusão produtiva rural, que tem seu maior alcance na cobertura do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e de toda rede de fomento à produção.
A evolução é maior, na opinião desses agricultores, quando se percebe que o orgulho pela vida no campo contagiou todo o núcleo familiar. Foi assim que surgiu a figura do pai herói.
“Vejo o meu pai como um herói, como um homem vencedor!”, enaltece Leila Santos, filha de Jaime, que cresceu nesse ambiente de pouco horizonte, “sofrido”, como descreve o ex-cortador de cana:
 “Eu trabalhava para usineiro. O que eu ganhava de dia, não dava nem para comer à noite e, como eu fui ficando mais velho, a doença foi chegando. Aí, eu falei: agora eu estou num mato sem cachorro”, diz ele, para contar em seguida, como foi sua última mudança. “Surgiu esse assentamento. Juntei os trapo e a família”.
O Bolsa Família garantiu a renda mínima para que Jaime Fagundes tomasse a decisão. Porque ele sabia que começaria tudo de novo, um novo ciclo em sua vida. 
“Eu só tinha uma enxada e um enxadão. Começamos a plantar. Aí, as coisas já foram melhorando. Eu peguei um financiamento, o Pronaf; comprei uma irrigaçãozinha pra começar com a horta; comprei esse gotejamento. Comecei a tocar o serviço: plantava arroz, feijão, milho, quando já tinha o tratorzinho,” narra Jaime. 
A ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Tereza Campello, tem debatido o Bolsa Família em todo o país e de como o programa alavancou a vida de uma parcela da nossa população que sempre viveu à margem das políticas públicas. Ela comprova essa evolução com números. Alguns deles atestam a reação do agricultor familiar, dos extrativistas e de diversas áreas produtivas cercadas pela vulnerabilidade social.
A ministra ressalta que 75% das pessoas atendidas pelo programa trabalham e que a maioria gasta o benefício com alimentação, roupas e despesas para melhorar a qualidade de vida da família. 
Isso comprova que a sensação de bem-estar de Jaime Fagundes e de sua filha é uma nova realidade, também disseminada pelo público atendido pelo programa. Segundo o MDS, do total de agricultores familiares que recebem o Bolsa Família, 145 mil fornecem produtos ao PAA e ao Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae).

 10 anos de PAA
O PAA, um dos programas do eixo de inclusão produtiva rural do Plano Brasil Sem Miséria, também completa dez anos de execução este ano, assim como o Programa Bolsa Família. As duas políticas públicas se complementam, na medida em que o beneficiário evolui nessa rota de conquistas de direitos sociais.
O PAA atende ao público do Brasil Sem Miséria no campo, formado, além dos agricultores familiares, por assentados da reforma agrária, acampados, extrativistas, pescadores, quilombolas, indígenas e outros povos e comunidades tradicionais. O Plano estabelece um ciclo específico para a inclusão produtiva rural, com foco no aumento e no aprimoramento da produção, melhorando, assim, a renda e a alimentação das famílias.
O Brasil Sem Miséria oferece recursos para que essas famílias invistam em suas terras, além de acompanhamento individualizado e continuado de técnicos agrícolas, que ensinam formas de aumentar a produção, a qualidade e o valor do produto. 
O PAA é a etapa seguinte, um canal de comercialização, que compra a produção de agricultores familiares. A previsão orçamentária para o PAA, em 2013, é de R$ 1,3 bilhão. São recursos do MDS (R$ 1,2 bilhão) e do Ministério do Desenvolvimento Agrário. Nos dez anos de programa, já foram aplicados R$ 5 bilhões em recursos para as compras institucionais, totalizando 3,5 milhões de toneladas de alimentos da agricultura familiar.
As ações de inclusão produtiva rural são planejadas e executadas com base nas diferenças regionais do país. É preciso um foco diferente para atender aos beneficiários de todos os cantos do Brasil. 
Por isso, a junção de programas diversos, dispostos no Plano Brasil Sem Miséria, com ações voltadas para o semiárido, por meio do programa Água Para Todos, que já entregou, até agosto, 224 mil cisternas de água para consumo no Nordeste e Norte de Minas Gerais; e com ações voltadas à inclusão produtiva de extrativistas, assentados e ribeirinhos, como o Programa Bolsa Verde, que já atende a 40,5 mil famílias em todo o país e que também seguem a rota do desenvolvimento econômico e sustentável.
O extrativista João Batista Ferreira Silva, de 39 anos, vive na reserva Chico Mendes, em Xapuri, no Acre, com uma família grande que também preserva os laços, assim como Jaime Fagundes. Ex-cortador de cana que continua vivendo no campo, Batista comemora o fato de permanecer na floresta e garantir as mesmas conquistas que os trabalhadores das cidades.
“Eu tenho oito filhos e só um que não está na escola, porque já concluiu o Segundo Grau [Ensino Médio]. Mas os outros sete estão estudando. O Bolsa Família deu uma renda a mais pra gente. É o dinheiro para comprar o material escolar das crianças: caderno, lápis, borracha, bolsa”, enumera o extrativista. E acrescenta: “Quero dar o melhor para que os meus filhos estudem, se formem e sejam professores,” continua Batista.
Geciane, uma das filhas de Batista que virou professora, na comunidade de extrativistas, fala com orgulho dos rumos que tomou a vida de seus pais e irmãos. 
“Fico muito honrada de ter a oportunidade que meu pai e minha mãe não tiveram de completar o Ensino Médio e poder passar o que eu aprendi para os outros”, diz, rodeada pelos irmãos que lutam pelo mesmo destino.

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